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24/01/2012

Kuroi no sekai - capítulo 1


Aluno novo, vida nova

         De repente, o rapaz estava com uma espada enorme nas mãos. Vê-se cercado por milhares de criaturas estranhas e com uma forma semelhante a sombras. Observou a espada por um momento a pensar se assim poderia encontrar alguma maneira de escapar. A espada emitia um brilho azul e tinha a forma de um cone.
      
   Um gemido voltou a dar-lhe atenção ao seu redor. Ao seu lado, encontrava-se uma rapariga ajoelhada e com a cara lavada em lágrimas – no entanto o rapaz tinha a noção que deveria ser muito bela –, e por detrás deles vários corpos de humanos, possivelmente aliados, amontoados.
         – Agarra-te bem a mim e não largues, aconteça o que acontecer! – grita o rapaz para a rapariga, com uma voz que não parecia ter medo.
         A luz da espada tornou-se mais forte logo após o rapaz ter dito aquilo. Com um ligeiro balanço da espada abriu uma especie de buraco dimensional, para onde foram sugadas todas as criaturas.
         De repente, e sem qualquer explicação aparente, o rapaz começa a cair num buraco muito fundo e começou a ouvir uma música bastante familiar que aumentava de volume à medida que caía…
         Tayou Ken dá por si no chão do quarto, com uma dor de cabeça enorme e com o seu despertador a tocar música rock japonesa tão alto que os vários bonecos de coleção da sua estante tremiam.
         Após um longo bocejo, Ken lá se levanta com a testa dorida devido à queda que deu. “Este sonho foi bastante estranho. Parecia tão real… Deve ter sido da queda”, pensa Ken enquanto se vestia.
Ainda a remoer o assunto e antes de sair de casa, Ken vai ao dojo e observa atentamente a espada de samurai da sua família, a qual se dizia que esteve envolvida numa batalha ancestral.
Estava um dia estranho. Apesar do sol brilhar e de não haver nenhuma nuvem no céu naquele dia de final de Verão, havia qualquer coisa de errado naquela imagem. De relance, Ken olha para a Lua, ainda visivel no céu e ficou com a impressão de que esta se movia em direção ao Sol e vice-versa. Um estranho brilho azul parecia vir da Lua, bastante semelhante ao brilho da espada no sonho de Ken…
– Ken-ya-Kikku, pára de olhar para o Sol, pá! Para além de chegares atrasado, podes ficar cegueta e já não lês mangás! – grita uma voz familiar, em tom de troça.
Voltando à Terra, Ken dá com os seus melhores amigos: Kotaru e a sua irmã mais nova, Hana.
         – Ahh, Koto-nii, Hana-chan. Que fazem aqui?
         – “Que fazem aqui?”, pergunta ele! Bem, ou o Sol tá a fazer-te mal, ou tás outra vez a sonhar acordado, homem! – Kotaru dá uma leve sapa na nuca de Ken – O que achas que estamos a fazer?? Vamos para a escola! Que outra razão haveria para eu estar na rua de manhã? Não é, mana?
         – Hã? Umm, sim tens razão, nii-sama – responde a tímida voz de Hana enquanto desviou o olhar de Ken, com a cara corada – B-B-Bom dia, Tayou-kun. Como vais?
         – Já te disse para não me chamares “Tayou-kun”. Nós já nos conhecemos há tanto tempo. Trata-me por “Ken”. Mas vá, não interessa. Vamos mas é despachar-nos. Já bati com a cabeça no chão, não me apetece levar sermão do professor Tori.
         Antes de começar a correr com os seus amigos, olhou novamente para o céu. Estava tudo normal. A Lua já tinha desaparecido sob o azul do céu…
        Já na sala de aula, Kotaru começa logo a meter-se nas conversas para saber se havia alguma novidade. No meio de muitas notícias sem muita importância, houve uma que lhe chamou a atenção: a chegada de uma novo aluno à turma.
         – Parece que este vem de um dos colégios particulares mais prestigiados no país! – conta a Ken e a Hana.
         – A sério? Estás a brincar comigo! Se é assim, para quê vir para a nossa escola? – pergunta Ken, um pouco surpreendido.
         – Não se sabe mais nada por agora… Pelo pouco que as outras raparigas disseram do tema, parece que é um rapaz bastante reservado e misterioso. – comenta Hana.
         – Misterioso? Como assim? – pergunta Ken, um pouco mais curioso.
         – É só um rumor, mas parece que os pais dele estiveram envolvidos num terrivel acidente, e ele estava em coma até há cerca de 6 meses… – responde Kotaru, com Ken já bastante entusiasmado. – Depois ganhou uma bolsa no Colégio Makenai, mas nunca se adaptou apesar das altas notas… Agora, porque escolheu a nossa escola, não faço a minha ideia…
         Ao ouvirem o barulho da porta a abrir, todos ficaram em silêncio, pois o professor Tori tinha acabado de entrar na sala. Dirige-se aos alunos, e na sua habitual voz autoritária saúda a turma:
         – Bom dia, meninos e meninas. Tenho várias coisas a anunciar hoje. Em primeiro lugar, e como a maior parte já deve saber, vamos ter a companhia de um novo aluno. Ele vem do prestigiado Colégio Makenai, e chama-se Pachiru Sadomaru.
Imediatamente após ter anunciado o nome, a porta abriu-se. Um rapaz com uma estatura e físico bastante semelhante à de Ken, apenas com diferença na cor dos olhos e do cabelo (os de Ken eram azuis e loiros, enquanto que os do rapaz eram escuros) entrou devagar, como se estivesse a avaliar todos os alunos.
– Obrigado por teres escolhido a nossa escola para continuares os estudos. Podes ir… – começa o professor Tori, mas assim que ia continuar, é interrompido:
– Oh, prof! Pare lá de dar manteiga ao novato, senão ele aínda pensa que você é assim todos os dias! – grita Kotaru do fundo da sala, o que provocou a risada geral.
– Bem, não posso dizer que fico surpreendido com esse comentário, Sr. Takeuchi. Mas ainda assim, esperava que mostrasse algum respeito pelo novo colega.
– Mas eu mostro respeito por ele. O prof é que nunca fez nada disso com ninguém… – responde Kotaru, com sarcasmo.
– Não interessa isso agora. Bem, como estava a dizer, pode ocupar o lugar ali ao lado do Sr. Tayou, menino Pachiru.
Para variar, Ken estava no mundo da Lua. Desta vez, porém, não pensava em animés ou em mangás. Pensava sim no estranho fenómeno que tinha visto de manhã…
Subitamente ouve um barulho estridente a vir da rua. Olhou para a janela, mas não estava lá nada. Mais, parece que mais ninguém o tinha ouvido. “Talvez seja a minha imaginação a levar a melhor, outra vez”, pensa Ken.
E mais não aconteceu até ao final das aulas da manhã. Durante o intervalo para almoço, Ken estava a comer normalmente em cima de uma árvore, como já era seu hábito. Não conseguia parar de pensar no que vira… Como era possível a Lua e o Sol estarem a mover-se em direcção um do outro? E aquele brilho azul… Será que tinha alguma ligação com o sonho estranho de Ken?
– Ei, cabeça-na-Lua! Estou a falar contigo!
Não reconheceu a voz, mas pensou que seria ou Kotaru ou Hana, por isso olhou para baixo, onde apanhou uma valente surpresa. Era o aluno novo, Pachiru Sadomaru.
Tal foi a surpresa que Ken desequilibra-se e cai, mas devido ao treino a que os pais o submetem, consegue fazer uma pirueta no ar e aterrar no chão, perante o olhar admirado de Sadomaru.
– Bolas, assustaste-me! Por causa disso, deixei o meu almoço lá em cima! – reclamou Ken.
– Hã?! Então mas tu cais de uma altura de cerca de 3 metros e tás chateado por teres deixado o teu almoço lá em cima, quando podias ter partido algo? – pergunta Sadomaru, ainda mais confuso.
– Isso? Não foi nada. Eu estou habituado a malabarices dessas quando treino com os meus pais. – responde Ken, um pouco embaraçado. Nunca tinha falado a ninguém (a não ser Kotaru e Hana) sobre os seus treinos. – Bem, deixa-me só ir buscar o meu almoço à arvore e já falamos sobre… o que querias mesmo falar?
– AHAHAH! Desculpa estar a rir-me, mas tiveste imensa piada agora! AHAHAH! – riu-se Sadomaru.
À medida que iam falando, Ken foi-se apercebendo que, apesar de vir de um colégio privado, Sadomaru não tinha nada de snob ou de convencido. Muito pelo contrário, parecia um rapaz como os outros. Bastante simpático e divertido, depressa travou amizade com Ken. Já depois de mais umas gargalhadas, Ken faz um pedido estranho (na óptica de uma pessoa normal):
– Olha, importas-te que te trate por Pakkun?
– Não vejo mal, mas é por alguma razão especial?
– Não! É só para saberes que sou eu que te estou a chamar.
– Ah, está bem. Então vou começar a chamar-te Kenshin. – comenta Pachiru, com um sorriso.
– Kenshin? Porquê? Eu não sou samurai! – pergunta Ken
– Ah, não tem nada a ver com o samurai. É só porque “shin” é o inicio da palavra “SHINobi”, que quer dizer ninja. E da maneira que fizeste aquela acrobacia na árvore parecias um.
– AHAH, está bem então, Pakkun.
E voltaram os dois para as aulas. Ao inicio, estavam todos surpreendidos por verem Ken a socializar com alguém que não fosse Kotaru ou Hana, ainda mais sendo o aluno novo.
Durante a aula da tarde, tanto Ken e Sadomaru continuavam a meter conversa.
– Diz lá uma coisa. Tu viste o que aconteceu de manhã? – pergunta Ken. – Aquela cena do Sol e da Lua.
– O que tem? – pergunta Sadomaru, com uma ligeira preocupação, mas sem que se note nisso.
– Não me digas que também não viste. O Sol e a Lua pareciam estar a ir em direcção um do outro, o que é estranho pois o Sol não se devia mexer.
– Ah, pois, ah, é que…… Desculpa, eu tenho que me ir embora. – E com isso dito, Sadomaru sai da aula repentinamente, espantando tudo e todos.
Mais ninguém viu Sadomaru durante o resto do dia.
– O que é que fizeste ao miúdo? – perguntou Kotaru, enquanto os três amigos iam para casa, já no final do dia.
– Sei lá! Eu disse-lhe aquilo que tinha visto hoje de manhã e ele saiu a correr. – responde Ken, ainda sem perceber o que aconteceu
– Na volta assustaste-o com essas teorias malucas. AHAH – troça Kotaru.
– Ele estava com um olhar bastante esperançado quando saiu. Ele não queria mostrar isso, mas eu vi. – comentou Hana.
– Se calhar lembrou-se de algo importante, e não queria que ninguém soubesse. – sugere Kotaru.
Chegado a casa, Ken dirigiu-se para o quarto e enfiou a cabeça na almofada da sua cama, para pensar com clareza. Tinha sido um dia muito estranho: A Lua e o Sol a (aparentemente) juntarem-se, o aluno novo, ao qual Ken tinha a sensação que já o conhecia, daí terem-se dado tão bem; e depois a saída do mesmo Sadomaru a meio da aula, sem regressar e sem motivo nenhum.
– Ken-san! Ken-san! – grita uma voz feminina da cozinha. – Estás no quarto porquê? Não vens jantar, filho?
– Já vou mãe!! Antes vou ao dojo ter com o pai fazer uma sessãozinha e depois voltamos os dois. – responde Ken.
– Esta bem, mas leva um casaco, para não te constipares.
Com um casaco de fato de treino bastante fino e com a espada de madeira que tem desde que se lembra (e com a qual nunca perdeu nenhum torneio), Ken sai de casa e dirige-se ao dojo, na ponta da propriedade dos pais.
Subitamente, uma brisa gelada atinge Ken na cara e o céu cobre-se com uma neblina muito misteriosa.
“Mas que frio. De onde é que isto veio?”, pesa Ken, ligeiramente assustado. “Vou mas é despachar-me e buscar o pai.”
Mas Ken não foi capaz de se mexer, porque sentiu que alguém o estava a observar. Ao virar-se, viu uma sombra sinistra.
– Quem está aí? Olha que eu estou armado, portanto nada de truques! – grita Ken, com a espada em riste.
De repente, vê uma figura. Apareceu-lhe à frente uma criatura que (para espanto de Ken) era bastante semelhante àquelas que Ken vira naquele sonho estranho.
– Sai do caminho ou magoas-te! Se há coisa que odeio é quando me assustam! – Grita novamente Ken, agarrando a espada com força.
Nesse momento, uma voz bastante arrepiante ecoou na cabeça de Ken: “Afinal, aquele guardiãozito de meia-tigela pode ter achado um potezinho de ouro. Talvez sejas tu o Escolhido da lenda. Será que estás à altura do teu destino? Se calhar é melhor livrar-me já de ti.”
–     Quem és tu? Responde senão estás feito comigo!
A voz voltou a ouvir-se: “Eu até brincava contigo, humanito, mas vai ter de ficar para uma próxima. Jaa-ne.”
E com essa frase de despedida, a voz, a criatura e a neblina começaram a dissipar…
“Ufa! Que alívio! Não sei o que aconteceu, mas já acabou” – pensou Ken, encostado à parede. Mas, de repente, uma voz familiar voltou a assustá-lo:
–     Estás bem, Kenshin?
De um salto, Ken pega novamente na espada e, sem pensar em quem seria, aplica o golpe mais forte da sua família, a “Kaze Ha” (Lâmina de Vento). Quando abriu os olhos, Ken viu quem era, e apanhou um choque ainda maior. Era Sadomaru e estava a bloquear a espada de madeira entre dois dedos, e estava com um ar bastante sério.
         – Pensava que vocês, humanos, agradeciam e não atacavam quem os vinha socorrer… Se calhar devo ter pesquisado mal as coisas, mas deve ter sido do medo – disse Sadomaru, com o olhar fixo em Ken.

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